quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

Diário de Bordo: Rogério Ferraz entrevista a atriz Viviane Vieira e o diretor Alexandre Mello, em Teatro Nathalia Timberg





A primeira turma de formandos da Escola de Atores Wolf Maya, sob a direção do professor Alexandre Mello, encenou nos dias 22,23 e 24 de fevereiro de 2016 o clássico de Bertold Brecht, "A Alma Boa de Setsuan", peça escolhida para a culminância do curso.
O enredo desta obra consagrada, um marco do teatro moderno, foi apresentada pela primeira vez em 1940; porém sua abordagem parece se renovar com o passar das décadas, atingindo uma atemporalidade temática, capaz de aproximá-la da realidade mais visceral da criatura humana.  Na montagem proposta por Brecht, os deuses são personificados de forma cômica e descompromissada; buscando na Terra uma alma boa para salvar, tarefa árdua, de ser cumprida.  Chegando à província de Setsuan objetivando um lugar para pernoitar, percebem que ninguém lhes dá abrigo, a não ser a jovem prostituta, chamada Chen Tê.  Comovidos por sua generosidade e certos de terem encontrado sua boa alma, os deuses a premiam com uma considerável quantia em dinheiro.  Feliz com seu prêmio, ela deixa de se prostituir e monta um comércio, uma tabacaria.  A partir daí, começam os conflitos.  Pessoas da região que nem a consideravam, passam a se aproximar para obter vantagem de sua conduta benevolente.  A índole de Chen Tê, a impedia de negar auxílio; sendo em breve vitimizada economicamente pela incompatibilidade entre o exagero da bondade e a fria realidade dos negócios.  Antes que fosse à falência, ela então, decide criar um alter ego, travestindo-se masculinamente como um primo distante que vinha visitá-la e ajudá-la nos negócios, chamado Chui Tá.  Este sim, consegue negar, exigir direitos, chegando mesmo a revelar-se antiético, com capacidade para atos maus, para obter o respeito desejado.
Entre tantos temas veiculados, inclusive o precioso elemento literário do amor, Brecht propõe a reflexão sobre a possibilidade dos valores virtuosos sobreviverem, em um mundo de interesses egocêntricos, onde somente o medo e a certeza do sofrimento, seriam capazes de coibir os abusos.  Mas por sua vez, seu texto também nos alerta, que sem o devido toque de generosidade, toda uma sociedade também pode ser igualmente conduzida ao caos.













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