"Poucas palavras se confundem tanto em nossa lingua quanto "concerto" e "conserto". Aqui, elas se mesclam vertiginosamente.
A palavra desejo, em filosofia, seria a tensão em direção a um fim de onde se espera satisfação. Tradicionalmente o desejo pressupõem carência, ou alguma forma de indigência: um ser que não carece de nada, não desejaria nada. Seria um ser perfeito, um Deus. Por isso a filosofia, tantas vezes, considera o desejo como característica primeira do ser imperfeito, do ser finito. Quero consertar meu desejo com poesia, num concerto. Explico: minha Mãe, a poeta Maria Cecília Nachtergaele, faleceu quando eu era um bebê de três meses. Dela, me restaram seus poemas, lindos e maduros, escritos de uma jovem mulher moderna e triste; e essa veia que me marca a testa quando rio ou choro muito. Em "Processo de Conscerto do Desejo", acompanhado pelo jovem violonista Luã Belik e do violinista Henrique Rohrmann, direi finalmente os poemas que guardei nos olhos e na alma como única herança dela. O espetáculo é simples assim: um homem (que por acaso é um ator) diz no palco as palavras escritas por sua mãe. Um violão (não por acaso, pois Maria Cecília amava os violões) o acompanha. É só isso, se isso for pouco".
Matheus Nachtergaele
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Com Matheus Nachtergaele
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