Rogério Ferraz e elenco
POR ISSO FUI EMBORA é uma história de amor; porque todas as histórias são, no fundo, histórias de amor. Seja ele esvaziado, asfixiante ou libertador. No palco, a vibrante Cires escreve e descreve com sua maneira febril suas desilusões, até encontrar Martin, um homem casado com Pérola, uma patinadora que vê graça no dia a dia, na eterna repetição da vida comum. Martin, cansado do casamento e suas tradições se encanta por Cires e seu jeitinho endiabrado. O palco vai ficando cada vez menor e ali os personagens se misturam e se confundem. Divididos entre o bar de onde o garçom os espia, uma cama em que se refugiam, perdidos entre uma coleção de fotos de um tempo iluminado onde o casal Pérola e Martin se encontraram, buscam encontrar uma escapatória. Mas aqui cito João Cabral, que em uma epifania brilhante nos diz que: "Não há guarda-chuva contra o amor, que mastiga como qualquer boca, que tritura como um desastre. E tenho, mais ou menos, dito." (Juliana Frank - autora)
O ser humano busca uma completude utópica. Um mundo particular onde possa se proteger das dores cotidianas e da ideia da morte. Como Freud nos dizia, o impulso nos leva a querer vencer o caos do sofrimento, através do mergulho na ilusão de que controlamos nosso destino. Quando a mudança surge, nos traz mais do que o sofrimento; ela nos retira a crença de que o controle sobre a própria existência, seria possível. Esta é a encruzilhada emocional, onde o caminho das personagens, Martin, Pérola, Cires e Joker se cruzam. Como sobreviveremos ao turbilhão de possibilidades que o desejo nos reserva, é um jogo que não podemos abandonar.
Rogério Ferraz
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