sexta-feira, 22 de abril de 2016

Diário de Bordo: Rogério Ferraz entrevista a atriz Juliana David e os atores Igor Angelkorte e Bernardo Marinho, sobre o espetáculo "Os Sonhadores".






Rogério Ferraz com a atriz Juliana David




Rogério Ferraz com o ator Igor Angelkorte




Rogério Ferraz com o ator Bernardo Marinho





A montagem da peça "Os Sonhadores", embora baseada no romance de Gilbert Adair (poeta, crítico de cinema e jornalista escocês), não se resume a uma adaptação literária, mas caracteriza-se desde o início, pela proposta de criar uma dramaturgia a partir do conteúdo da obra; abordando tanto a dramaturgia textual como a dramaturgia do movimento, configurando camadas coexistentes, confrontadas de forma simultânea, permitindo eclodir a ambivalência entre palavra e movimento.  Esta foi a intenção do dramaturgo Diogo Liberano, contando com a colaboração na co-dramaturgia de Dominique Arantes; sob a direção precisa, sensível e elegante de Viniciús Arneiro, que encenaram o espetáculo, nascido do sonho empreendedor da atriz Juliana David.  A idealização e captação do projeto teatral "Os Sonhadores", é resultado do empenho de Juliana; que formada em Teatro pela City University of New York, teve o primeiro contato com a obra de Gilbert Adair, em 2003 ao assistir a versão cinematográfica do livro, assinada pelo cineasta Bernardo Bertolucci.  Anos depois, mais influenciada pelo romance do que pelo filme, Juliana iniciou um estudo sobre a natureza dos eventos em Paris, naquele maio de 1968.  Em 2012, decidiu transformar suas ideias em projeto teatral e recém chegada ao Rio, pesquisou as estéticas dramatúrgicas que eram produzidas na cidade, até chegar ao artista Diogo Liberano.  Em 2014 comprou os direitos da obra, inscreveu o projeto na Lei Rouanet e em 2015, conseguiu patrocínio.
O espetáculo apresenta o encontro de três jovens cinéfilos que se enclausuram num apartamento durante uma revolução política e cultural.  Do lado de fora, uma série de manifestações onde reivindica-se uma reforma nas leis trabalhistas, abordagem mais libertária tanto no âmbito escolar como acadêmico; e uma visão não opressora na esfera social.  Do lado de dentro, a pureza, jogos sobre películas, as intensidades e a alienação.  O relato do personagem Theo, interpretado por Igor Angelkorte, resume bem a dinâmica lúdica, afetiva e perversamente sedutora entre eles: "(...) presos numa liberdade sem sol, repetíamos nossos jogos caseiros até perder a distinção entre o que era vida e o que era sua mera representação".  No elenco, o personagem Matthew é interpretado pelo ator Bernardo Marinho e Isabelle, pela atriz Juliana David.  Nas palavras da atriz: "Eu me apaixonei pelas contradições daquele universo.  A situação que vivem levanta uma série de paradoxos ideológicos.  A descrição de Adair, constrói uma rede de símbolos e metáforas muito elegantes, que ilustram essas contradições de forma sutil, ainda que algumas imagens sejam agressivas".
Nos depoimentos dos atores ao Diário de Bordo do Divã Cultural, vocês irão conhecer mais de perto, a instigante proposta de "Os Sonhadores".  De quinta a domingo, às 20 horas, no Teatro OI Futuro Ipanema ( Rua Visconde de Pirajá, 54).




domingo, 17 de abril de 2016

Diário de Bordo: Rogério Ferraz entrevista as psicanalistas Marília Flores e Gilda Pitombo Mesquita sobre o projeto Interlocuções: "O Despertar Da Estranheza No Leitor"






 Marília Flores, Gilda Pitombo Mesquita e Rogério Ferraz na sala de leitura da Cidade das Artes.




A temática do conto fantástico do século XIX é a realidade daquilo que se vê, onde se poderia acreditar ou desacreditar nas aparições fantasmagóricas; percebendo ou não, por trás da aparência cotidiana, a possibilidade de outros mundos encantados ou infernais, onde tudo o que fosse extraordinariamente "estranho", aguçaria nossos sentidos e capturaria o olhar do Inconsciente.  "O Homem da Areia", do escritor alemão Ernest Theodor Amadeus Hoffman, é uma obra literária típica dessa atmosfera do fantástico; em que personagens e imagens da tranquila vida burguesa, se transfiguram em aparições grotescas, tenebrosas, diabólicas, como no rico universo onírico dos pesadelos infantis.  No texto de Hoffman, em resumo, um homem se remete a lembrança infantil de uma história contada pela babá, onde o homem da areia seria uma criatura perversa, que chegaria quando as crianças não fossem para cama, jogando areia em seus olhos, que saltariam para fora; e o homem os levaria para alimentar seus filhos na Lua.  O menino Natanael, relaciona este personagem fantasmagórico ao visitante de passos pesados, que o pai recebia após o jantar em certas ocasiões.  Para descobrir mais sobre ele, o menino se esconde no escritório paterno, testemunhando o que pareceria um experimento alquímico.  Descoberto, Natanael é ameaçado de ter os olhos arrancados e desmaia.  Quando o misterioso visitante retorna outra vez à casa, ocorre uma explosão, onde o pai do menino é morto.  Na vida adulta, Natanael certo dia, reconhece o advogado Copélius, o estranho visitante no escritório do pai.  A partir daí, o fantasma do passado volta a atormentá-lo em plena maturidade, gerando toda forma de simbolismos persecutórios.
No estudo psicanalítico dos sonhos, das fantasias e dos mitos, o medo de ferir o de ficar cego, configura-se muitas vezes, como o temor de ser castrado.  O autocegamento de Édipo, na tragédia grega, poderia ser interpretado como uma forma atenuada de castigo da castração.  No conto de Hoffman, por que o temor no que se refere à perda dos olhos, estaria relacionado à morte do pai ?  Por que o homem da areia  aparece na vida adulta de Natanael, como um perturbador do amor ?
Estas e outras questões estarão sendo muito bem comentadas durante a leitura em grupo, promovida pelo evento Interlocuções "O Despertar Da Estranheza No Leitor"; idealizado e organizado pelas psicanalistas Marília Flores e Gilda Pitombo Mesquita, na Sala de Leitura da Cidade das Artes.  A proposta é ler em grupo e em voz alta, alguns trechos de Hoffman, Freud, entre outros autores, para abordar a partir do enfoque psicanalítico, os temas da sedução e do desejo.  Freud considerou Hoffman "o mestre inigualável do estranhamento inquietante na criação literária", incorporando-o no que diz respeito ao estranho-familiar.  Os encontros na sala de leitura, realizam-se quinzenalmente, todas as sextas a partir das 16 horas, com número máximo de 20 participantes.  Compareça e conheça de perto, este belo encontro literário e científico.  Seguem as datas das próximas reuniões:
Abril - 15 e 29  /  Maio - 13 e 20
Junho - 03 e 17  / Julho - 01, 15 e 29
Programação gratuita. 

sexta-feira, 8 de abril de 2016

Diário de Bordo: Rogério Ferraz entrevista a atriz, locutora e dubladora Ana Paula Schneider.






Ana Paula Schneider é uma jovem atriz gaúcha, que ao longo de sua trajetória vem se diversificando tanto no exercício do drama como da comédia, na estérica teatral; onde também já demonstrou seu talento como cantora em números musicais; além de se dedicar com igual mérito, nas atividades como locutora e dubladora.
Entre os pontos de destaque no depoimento que concedeu ao Divã Cultural, Ana Paula cita sua atuação como protagonista do musical infantil "Alice No País Das Maravilhas", atualmente em cartaz no Teatro Vannucci (Shopping da Gávea); sua participação no elenco de um clássico do teatro político brasileiro, "Bailei Na Curva" e de seu carinho todo especial pelo drama "Uma Fada No Freezer", um monólogo adulto feito especialmente para ela, pelo dramaturgo Júlio Zanotta Vieira.  Por seu desempenho ela conquistou o prêmio Mais Teatro, de Melhor Atriz Revelação em 2011, no Açorianos; e depois em 2013, o prêmio de Melhor Atriz do Fundarc - Festival de Gravataí / RS.
A trama da peça gira em torno do comovente drama sobre uma fada exilada na Antártica, numa atmosfera teatral que transita entre o real e o imaginário.  Sua dramaturgia é atemporal, refletindo os desvarios da sociedade contemporânea, a partir da temática da internação de uma jovem em um sanatório, submetida a medicações diárias (ou como a própria personagem gosta de dizer "sua sopa de miúdos de pinguins"); tendo uma cadeira e ataduras, como suas únicas companheiras.  Embora a solidão da clausura psiquiátrica não ofereça escolha para mudar sua vida, a personagem não abandona o sonho, reinventando-se naquele amargo cotidiano, pelo olhar da magia.
Numa das críticas da época do espetáculo (2013), destaque para o desempenho da jovem protagonista deste monólogo: "Ana Paula Schneider revela-se um expoente da nova geração de atores de nosso estado, em um trabalho sensível, impactante e leve.  Sua doçura contrastando com uma raiva contida, como se aquele fosse o momento limite de explanar toda a sua angústia reprimida, é de um lirismo absolutamente tocante.  Sua fada pode ter sido amputada, mas seus sonhos jamais serão esquecidos".



Ana Paula Schneider na peça "Uma Fada No Freezer"




A atriz no espetáculo "Bailei Na Curva"



Ana Paula em elogiada participação no Prêmio Multi Show De Humor em 2015




Diário de Bordo visita o espetáculo Baal, de Bertolt Brecht em Complexo Cultural Nathália Timberg




A peça conta a história da vida de um poeta bêbado e transgressivamente sedutor, que rejeita o capitalismo e vive a partir do seu próprio instinto.  Baal não é apenas uma obra teatral; a primeira que Brecht escreveu aos 19 anos, na força da juventude, mas representa também, um manifesto que haveria de servir para uma leitura precisa das contradições do século 20.  Ele escreveu mais do que um personagem; inventando um homem novo, inserido em mundo que iria mudar.



Rogério Ferraz entrevista o diretor Thierry Tremoureux, nos bastidores do espetáculo, que se desenvolve no estacionamento do Freeway.




Rogério Ferraz entrevista a atriz Luísa Bruno



Rogério Ferraz entrevista o ator Rodrigo Turazzi ( Baal )




Rogério Ferraz entrevista a atriz Beatrice Sayd


Imagens do espetáculo, em temporada de 23/03 a 14/04; às quartas e quintas, 21 horas, no estacionamento do Freeway, com entrada franca.