O espetáculo "Hilda & Freud" parte de um dos mais importantes testemunhos de uma paciente sobre a prática da psicanálise efetuada por seu fundador (Por Amor a Freud, editora Zahar). A poeta se desfaz de qualquer mecanismo de censura, com o intuito de revisitar um passado conturbado, que provocou seu bloqueio literário. Em seu ofício de escritora, atuando como romancista, poeta e ensaísta, durante este período, só conseguia escrever cartas. O espectador acompanha a vida de uma mulher visionária, bem à frente de seu tempo, trilhando um percurso marcado por traumas vivenciados durante a primeira guerra, defrontando-se com seus medos, amores, sonhos e lutas. Todo este rico material de vida, recebe de seu analista, precisas e geniais intervenções, que acabariam por modificar a vida da escritora, fortalecendo os laços de uma relação de amizade que duraria por toda uma vida, até a morte de Freud, durante seu exílio em Londres. Hilda Doolittle, viria a se tornar um ícone da corrente literária "imaginista", influenciando também todo um movimento feminista que assumiu suas posições como manifesto: "As mulheres são perfeitas". "Perfeitas com suas faltas", como veio a acrescentar Sigmund Freud.
"A estréia de Hilda e Freud" em Londres foi uma das experiências mais emocionantes da minha vida. Essa emoção se renova a cada apresentação. A peça que foi escrita para ser encenada "no último endereço (de Freud) neste planeta", veio à luz e os iluminados fomos nós. Com a mão generosa de Regina Miranda na mise en espace e o brilho de Ana Vicentini, o teatro aconteceu - com sua magia, paixão e inquietante estranheza. Essa experiência é agora renovada com a querida Bel Kutner como Hilda Doolittle aqui no Brasil, onde trazemos um mundo onírico, arqueológico e poético dessa análise tocante recriado por Analu Prestes, que "garimpa poesia na natureza".Foi e continua sendo uma honra representar Freud entre seus "deuses" que, com seus pacientes, o fizeram construir um saber que transformou a humanidade (,,,)
Tudo isso é transformador. Assim como sentir o terror que Freud viveu na época do nazismo e seu amor e admiração por Hilda Doolittle. E transmitir ao público seu método de fazer o outro transformar-se. E quem sai transformado a cada espetáculo sou eu ... que convido a todos a essa experiência transformadora". (Antonio Quinet)
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