James Bond, o espião do serviço secreto britânico, idealizado pelo escritor Ian Fleming e publicado pela primeira vez em abril de 1953 (Cassino Royale); seria glamorizado e popularmente imortalizado nas telas de cinema, através da mente empreendedora do produtor Albert Brocolli, ao longo de cinquenta décadas de altos e baixos; porém, de uma constante perseverança, ao investir no complexo e carismático arquétipo de um herói, que parecia ironizar a partir de toda e qualquer simplificação estereotipada de sua conduta. Se por um lado, o escapismo acrobático, quase circense de alguns títulos da série (especialmente durante o reinado de Roger Moore), despertassem nossa bem humorada incredulidade; por outro, seus momentos de uma ética bem particular, aparentemente amoral e ególatra, nos evidenciava a essência de uma persona multifacetada e realista ao assumir escolhas tão controversas quanto qualquer ser humano seria capaz de vivenciar, numa condição limite. Seu caráter icônico, marcaria definitivamente a vida de todos os atores que o interpretaram. No caso de alguns catapultou a carreira para vôos ainda mais promissores, como Sean Connery, Pierce Brosnan e Daniel Craig. Para outros, como Roger Moore e Timothy Dalton, significou um tipo de sucesso setorizado, mas que de qualquer maneira deixaria sua marca na história do cinema. Até no caso da passagem meteórica de George Lazenby, interpretando-o em 007 - A Serviço Secreto de Sua Majestade, a qualidade arrojada e visionária das cenas de ação (incomuns no final dos anos 70) levaria o ator a servir de referência, pela linguagem corporal vigorosa, à composição cênica do novo Bond, na pele de Daniel Craig, que também aproveitaria o melhor do cinismo sedutor de Sean Connery, para amalgamar ao seu talento, conquistando a cumplicidade de plateias em todo o mundo.
Nos vídeos a seguir, procurei selecionar momentos marcantes da entrega do Oscar 2013, durante a homenagem aos 50 anos do herói pop mais famoso do cinema, embalado pelas vozes inesquecíveis da veteraníssima Shirley Bassey, bem como da arrebatadora Adele. Logo depois, as performances igualmente cativantes de outras divas da canção, que reservaram um capítulo significativo de suas carreiras, para o mítico Bond, James Bond. São elas: Gladys Knights (Licença para Matar); Sheena Easton (Somente para seus Olhos); Tina Turner (Goldeneye) e Madonna (Um Novo Dia para Morrer).
Espero que se preparem para 2014, com todo estilo, coragem e bom humor, inerentes ao divertido universo de 007. Bom entretenimento e um Feliz Ano Novo para todos.
Se há um sentimento que combina com a atmosfera psicológica do Natal, é a esperança. Esperança de encontrar um amor ou uma forma de amar, que confira sentido a nossa existência. Esperança de superar as perdas que bloqueiam nosso presente, pelo egoístico apego ao passado. Esperança de transformar a dor de inúmeras saudades, em doce memória de vidas compartilhadas. Esperança de voltar a acreditar na felicidade não mais com a ingênua ilusão de permanência absoluta, mas com a dimensão real do êxtase infinito, imortalizado no momento fugaz.
Os vídeos a seguir, exibem a combinação mágica da música com o cinema, parecendo sintetizar um pouco destas jornadas de celebração da confiança, da generosidade, do companheirismo e sobretudo, do Amor; regidos pelo incansável sentimento da esperança.
Desejo que "Um Dia Especial", "Hairspray" e "Bolt" (a sensível animação da Pixar), sejam instantes capazes de embalar e encantar seus corações, nesta época de Natal.
Ilustração do design gráfico Alex Ross, para a quarta temporada de The Walking Dead
VIDA
IN CENA – HALLOWEEN: ZUMBIS – O APOCALIPSE É POP
A aventura
neocolonialista norte-americana ocorrida entre 1915 e 1934, pelos países do
Caribe, especialmente o Haiti, fez com que tradições eminentemente locais, se
espalhassem pelo mundo ocidental.Por
aproximadamente vinte anos, soldados e civis americanos, foram influenciados por
uma série de crenças populares, sendo a mais forte de todas, a de que os mortos
poderiam voltar à vida, a partir de estratégias de feitiçaria.
No Cinema da época,
filmes como Zumbi Branco tem o ator Béla Lugosi, já famoso por suas
performances na pele do Conde Drácula, assumindo o vilão protagonista, um rico
fazendeiro cujo hobby sinistro, é o de se dedicar a criar zumbis por encomenda,
valendo-se de seus poderes de feiticeiro.Neste período histórico, outros roteiros cinematográficos, reforçaram o
estereótipo racista, de que os negros haitianos e de outras localidades, seriam
conhecedores de magias demoníacas, rivalizando com o heroico homem branco.
No mundo contemporâneo,
após o atentado do 11 de setembro, com o avanço da divulgação do terrorismo
internacional pela diversidade de mídias, cada vez mais presentes em nosso
cotidiano, a representação arquetípica do pânico perante o imponderável, se
tornou explicitamente manifesta.Diante
de circunstancias ameaçadoras, inteiramente imprevisíveis pelo cidadão comum,
emergia do inconsciente coletivo humano uma variedade de mitologias que
passaram a orbitar em torno da ideia da abdução zumbi.Vírus desconhecidos, alçados à condição
epidêmica, por efeito do acelerado progresso da globalização, nos condenariam à
realidades predatórias, expondo nossas fragilidades, nossa incapacidade de
defesa; transformando-se em tema de filmes e seriados, cuja visão apocalíptica
assumiria um caráter de fenômeno pop, para as novas gerações.
O terror despertado
pela sensação de insegurança, de abandono, parecia responder a crescente
decepção do povo com paradigmas ideológicos e institucionais, até então
ilusoriamente autosustentáveis, inabaláveis, atuando na contramão de um
considerável fascínio, ainda que mórbido, pela compulsiva ideia persecutória,
de que o outro por mais dócil e amigo que aparente, pode se transformar no mais
impiedoso algoz de uma hora para outra, objetivando interesses ególatras
naturalmente amorais.A existência de
psicopatas ou sociopatas, que se utilizam de uma inteligência manipuladora, a
fim de subjugar e escravizar a autoestima de vítimas sugestionáveis,
“zumbidificando-as” por assim dizer, seria uma analogia pertinente com a força
do mito.
Recentemente no Cinema,
Guerra Mundial Z (Marc Forster), Extermínio (Danny Boyle), a saga Resident Evil
ou as temporadas bem sucedidas na TV, do seriado The Walking Dead, evidenciam o
grau desta projeção arquetípica, nitidamente impressa no imaginário
popular.A imagem psicológica do
hospedeiro, servo indefeso de um invasor incontrolável, não seria, no entanto,
fruto exclusivamente de nossas fantasias inconscientes, mas também de um
paralelo biológico com a estrutura de sobrevivência de vários microorganismos,
que certamente serviram de inspiração para os cineastas.
Exemplificando esta
realidade, poderíamos citar o modus operandi de certos parasitas, como o
toxoplasma gondil, que é capaz de manipular o cérebro de roedores, fazendo-os
perder o medo natural de gatos.Normalmente o rato ao identificar o cheiro da urina de felinos, se
afasta o mais rapidamente possível.Mas
no caso do animal infectado, ele perde esta defesa inata, aumentando
consideravelmente a produção do neurotransmissor dopamina, que entre outras
funções, costuma expor o organismo a emoções fortes, como desafiar o perigo
diante do mais temido predador.A
estratégia instintual do parasita visa à reprodução da espécie dentro do intestino
do gato, seu mais produtivo ambiente hospedeiro.Outro parasita muito comum nos pântanos da
Califórnia tem por hábito recobrir o cérebro do peixe, formando um espesso
tapete, assumindo o controle para induzi-lo a subir cada vez mais próximo da
superfície; levando-o a saltar de forma exibicionista, a fim de que fique bem
mais visível ao alcance das aves.O
peixe-zumbi enlouquecido, uma vez devorado propiciará ao parasita atingir seu
verdadeiro destino: o retorno ao organismo dos pássaros, seus “hospedeiros
definitivos”, para que possam neste ambiente conseguir a procriação.Em ambos os exemplos, os parasitas ao serem
expelidos pelas fezes, voltam ao habitat externo, dando continuidade ao ciclo
de contaminação discretamente invisível.
É interessante observa
que certos tipos de fungos, estabelecem o seu ciclo de vida dentro de formigas,
levando-as a jornadas suicidas.Tal
processo operacional exercido com velocidade e precisa comunicação grupal, pode
ter servido como modelo, para as cenas de ataques dos mortos-vivos em Guerra
Mundial Z.Na sequência em que,
alertados da presença humana por trás da imensa muralha de proteção da cidade,
os zumbis iniciam uma escalada coletivamente frenética e caótica, vencendo os
limites da altura, atentamos para a orquestração de movimentos incessantes,
obedecendo a uma necessidade instintual única: a perpetuação viral; como se
todos formassem o corpo de uma entidade devastadora.
Já não é de hoje, que a
medicina se dedica a estudar parasitas, fungos e até determinados insetos, que
conseguem criar seus próprios zumbis, pelo fato de que a capacidade demonstrada
de dominação do sistema nervoso do hospedeiro, a partir de substancias
secretadas desses organismos, poderiam hipoteticamente ser instrumentalizadas
para o controle de doenças que afetam o cérebro humano, como o Mal de
Parkinson, por exemplo.Estes estudos já
são desenvolvidos pela medicina tradicional tibetana, há muitos séculos;
chegando muito recentemente ao conhecimento ocidental.E existem indícios de que a natureza dessas
substâncias, poderiam futuramente revolucionar a nossa medicina, ao serem
usadas em experiências para evitar a rejeição de órgãos transplantados,
eliminação de tumores, ou até mesmo em psicofarmacologia, como antidepressivos.
Em linhas gerais, a cultura zumbi, assim como
outros temas que começaram marginalizados, restritos apenas ao domínio
visionário da arte ou dos mitos religiosos, quando analisados e unificados à
pesquisa científica, alcançam oportunamente inimagináveis benefícios à nossa
qualidade de vida, para que abandonemos finalmente, a postura tragicamente
passiva, como hóspedes de um incerto amanhã.
Em entrevista concedida a Rogério Ferraz. "Interim" de Paulo
Cerezo é uma coletânea poética permeada pelo lirismo, humor, intuição, aliadas
alguma observação sensível e contundente dos amores do seu tempo, ofertadas à
nossa reflexão pelo jovem autor. Confira a íntegra da entrevista.
A cultura Zumbi, passa a se disseminar pelo mundo ocidental a partir do contato de outros povos, especialmente europeus, com a mitologia e religião caribenha, especialmente das tradições tribais, provenientes da ilha do Haiti; na qual ao longo de uma trajetória histórica de encontros entre escravos de várias etnias africanas e colonizadores francese, acabou resultando no surgimento de crenças híbridas, das mais variadas procedências. Etmológicamente, zumbi é um termo que tem origem na palavra nzumbe, de idioma africano, caracterizando a pessoa que morreu e ressucitou, mas apenas como um corpo sem alma. Este morto-vivo entre as lendas mais comuns, teria nascido nas crenças do Vodu, que descrevem trabalhadores controlados por um feiticeiro, que lhes roubou a alma, escravizando-os conforme seus desígnios.
Nas imagens a seguir alguns filmes famosos onde esta representação arquetípica marcou definitivamente o imaginário do cinema e da televisão. Em breve, a crônica integral do Vida in Cena especial de Hallowen. Resident Evil: O
hóspede maldito